Os Lundgren

Companhia CTPNo final do século XIX, já havia uma pequena empresa de tecidos, a Companhia de Tecidos Paulista (CTP) que, por dificuldades financeiras, seus administradores, os Rodrigues Lima, colocaram suas ações à venda.

Em 1904, Herman Lundgren, um sueco naturalizado brasileiro, comprou as ações e tornou-se seu maior acionista. A empresa passou a ser administrada pela família e, durante muitos anos, expandiu o processo de industrialização têxtil no estado e influenciou profundamente a vida dos habitantes de Paulista.

Entre os anos de 1946 e 1950, os Lundgren, em homenagem à matriarca da família, D. Elizabeth Lundgren, construíram uma igreja que deveria ter o nome de Santa Elisabeth Regina. Entretanto, como não existe santa católica com este nome, o templo foi dedicado a Santa Isabel – Rainha de Portugal.

A Igreja fica no centro da cidade de Paulista num terreno outrora disputado pelo Sindicato dos Tecelões para erguer sua sede. A família Lundgren não aceitou a construção do prédio sindical naquele local e, com o apoio do Arcebispo e autorizado pelo governador Agamenon Magalhães, ali construíram a Igreja.

A pedra fundamental da Igreja foi lançada em 13 de janeiro de 1946 com a presença do Arcebispo D. Miguel de Lima Valverde em visita pastoral à Paróquia de Nossa Senhora dos Prazeres, que abrangia toda a freguesia do Paulista e incluía Abreu e Lima. A inauguração foi em 29 de junho de 1950 com procissão e missa concelebrada pelo bispo arquidiocesano.

Consta do Livro de Tombo da Igreja que, junto com a pedra fundamental foi colocada uma urna onde se encontra um documento que “prova a promessa e o fato da doação da Igreja ao povo católico do Paulista” (ALCÂNTARA, p. 95). Entretanto, depois de construída, “os Lundgren doaram a mesma para a Arquidiocese de Olinda e Recife, mas esse documento desapareceu e, até hoje, a igreja é de propriedade da CTP” (ANDRADE, 2010, p. 2). Para legalizar essa doação pelos Lundgren, segundo Andrade, o Pe. Valdemir José entrou com um processo na justiça com um pedido de usucapião por parte da igreja.

O templo tem 60m de altura, estilo eclético (romano, neoclássico, neogótico) e foi todo edificado com tijolo aparente. “Possui três portas e uma única torre sineira no centro do seu frontão, duas tribunas e um coro, nave única e arcadas com janelas em vitrais. Seu altar-mor é simples, ladeado por dois altares laterais. No altar do arco-cruzeiro se vê a inscrição: Santa Elisabeth Regina” (PREFEITURA DA CIDADE DO PAULISTA). A pintura de fundo dos altares é do artista plástico Hildebrando Eugênio, que também é autor da bandeira da cidade do Paulista.

As imagens que fazem parte desses altares são doações de comerciantes, operários, devotos e da família Lundgren. As janelas, originalmente em vitrais, foram restauradas, em 1988, pelo Pe. Geraldo Leite, S.C.J. Atualmente, danificados pelo tempo foram substituídos por basculantes. Sob a responsabilidade dos operários marceneiros da Fábrica Arthur Lundgren ficou a confecção das portas da Igreja.

Padre João Ribeiro
Paulista teve sua participação na história de Pernambuco. Por sua liderança e por seus ideais de liberdade, o Pe. João Ribeiro foi um dos personagens de destaque da Revolução Pernambucana de 1817. No auge do movimento, o Padre seguiu para Paulista. Quando soube da queda do governo provisório revolucionário e da perseguição pelo exército real, suicidou-se por enforcamento. Foi enterrado ao lado da capela do engenho Paulista. Entretanto, três dias depois, por determinação do Almirante Rodrigo Lobo, seu corpo foi desenterrado, mutilado, esquartejado e sua cabeça ficou exposta na Praça do Pelourinho, no Recife. O seu crânio ficou em exposição, até o ano de 2001, no Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano (IAHGP) como forma de homenagear o religioso.

O IAHGP junto com o governo de Pernambuco, a Arquidiocese de Olinda e Recife, o vigário da Igreja de Santa Isabel, o prefeito e o secretário de turismo de Paulista decidiram enterrá-lo com merecido respeito. Em 29 de outubro de 2001, o crânio do padre João Ribeiro foi sepultado num túmulo construído especialmente para ele dentro da Igreja de Santa Isabel, após quase dois séculos de seu falecimento.

Hoje, a Igreja de Santa Isabel é considerada Imóvel Especial de Preservação e patrimônio dos paulistenses. Por sua expressão, dimensão histórica, e evidente relação com a memória e identidade da gente de Paulista, foi escolhida, em 2008, como o principal cartão-postal da cidade.

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